O boletim médico foi divulgado na noite de ontem e até as 22h trazia as informações mais atualizadas sobre o escritor.
De acordo com o boletim, Suassuna permanecia em coma e respirando com a ajuda de aparelhos. Até as 22h a informação era de que o quadro havia se agravado e que ele apresentava queda na pressão arterial. A pressão intracraniana estava elevada. Durante a tarde, surgiram rumores sobre a morte do dramaturgo, os quais foram desmentidos pela assessoria do hospital e familiares.
O escritor passou mal em casa, na noite de segunda-feira (21), e foi levado ao hospital por volta das 20h, após sofrer um acidente vascular cerebral (AVC) do tipo hemorrágico. Às 23h, terminou a cirurgia de emergência para a colocação de dois drenos, com o objetivo de controlar a pressão intracraniana provocada pelo AVC. Desde então, o escritor ficou internado na UTI Neurológica, sem previsão de alta.
No ano passado, ele sofreu um infarto, e dois dias depois de receber alta, deu entrada novamente no hospital por causa de um aneurisma cerebral.
Na última sexta-feira (18), Ariano Suassuna participou de uma aula-espetáculo, no Festival de Inverno de Garanhuns, no agreste pernambucano.
Ele era esperado para o Festival Literário da Pipa (Flipipa), que será realizado entre 7 e 9 de agosto, na praia de Pipa (RN). No dia 9, falaria sobre “O Romance no contexto do Nordeste Brasileiro”.
Autor de obras como “O Auto da Compadecida”, “Uma mulher vestida de sol” e “Romance da Pedra do Reino”, Ariano Suassuna foi o idealizador do Movimento Armorial, na década de 1970 - arte erudita a partir de elementos da cultura popular nordestina em todas as áreas música, dança, artes plásticas.
Suassuna foi secretário estadual de Cultura no período 1994-1998, durante o governo de Miguel Arraes (1916-2005) e assumiu o mesmo cargo, como secretário especial no primeiro mandato do governo Eduardo Campos (PSB). Seu foco sempre foi o da valorização da cultura popular, posicionando-se também contra qualquer estrangeirismo.
Memória
Ariano Vilar Suassuna nasceu em Nossa Senhora das Neves, hoje João Pessoa (PB), em 16 de junho de 1927, mas morou boa parte dos anos em Recife (PE). Ele é considerado um dos nomes centrais do teatro e da narrativa brasileira. Começou a escrever para o palco quando estudante de direito, em Recife, e conquistou projeção com o “Auto da Compadecida” (1955), traduzido para vários idiomas e adaptado para o cinema e a televisão. A peça seria considerada, em 1962, por Sábato Magaldi - um dos principais críticos teatrais brasileiros - “o texto mais popular do moderno teatro brasileiro”.
A primeira peça de Suassuna, no entanto, foi escrita anos antes: em 1947, sob o título “Uma Mulher Vestida de Sol”. Entre 1958 e 1979, dedicou-se também à prosa de ficção, publicando o Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta (1971) e História d’O Rei Degolado nas Caatingas do Sertão / Ao Sol da Onça Caetana (1976), classificados por ele de “romance armorial-popular brasileiro”. Em 1989, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras. Suassuna também exerceu as profissões de advogado e professor.
Fontes: ABL / Flipipa
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