“O ano de 2014 não foi bom para o Rio Grande do Norte. O estado não avançou como esperado pela falta de uma política governamental específica e não estabelecida”, apontou o diretor setorial de Energia Eólica do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (Cerne), Milton Pinto.
Em 2009, quando o Rio Grande do Norte ganhou os primeiros leilões para geração de energia a partir da força dos ventos foram contratados 71 projetos. Nos últimos quatro anos, porém, os resultados não foram tão satisfatórios e, num dos leilões em 2013, o estado não contratou nenhum empreendimento. No leilão mais recente, ocorrido em novembro passado, o RN contratou somente sete dos 139 projetos habilitados.
Transmissão
Após o apogeu da contratação de parques eólicos em leilões nacionais, as empresas instaladas em inúmeras cidades potiguares enfrentaram o problema da falta de linhas de transmissão para o escoamento da produção. O problema foi parcialmente resolvido somente no segundo semestre deste ano, quando 52 parques em operação foram interligados às linhas instaladas pela Companhia Hidro-Elétrica do São Francisco (Chesf) entre os municípios de João Câmara e Parazinho e escoam a energia para o Sistema Interligado Nacional, que também abastece o estado potiguar.
Afora os atrasos na construção das linhas de transmissão, o Rio Grande do Norte não conseguirá romper, em 2014, a barreira dos dois gigawatts de capacidade eólica instalada, o que estava previso para ocorrer mês passado. O início da operacionalização de outros 75 parques eólicos não se concretizou por atrasos operacionais e burocráticos e, conforme dados do Cerne, o ano será encerrado com algo em torno de 1,8 gigawatt de energia instalada, o que garante, ainda assim, a dianteira do Rio Grande do Norte no cenário nacional de geração de energia eólica, seguido pelo Ceará.
Em linhas gerais, a potência instalada é a capacidade de geração de energia elétrica por cada torre fixada num parque eólico. O número não é diretamente proporcional à energia gerada, que sai da turbina para a rede elétrica. No Rio Grande do Norte, em decorrência da posição privilegiada e da brisa abundante no sertão e litoral, a capacidade de geração já registrou picos de 40%, acima da média de países pioneiros na eólica como a Dinamarca, por exemplo. “É um valor extremamente alto quando comparamos com um parque eólico europeu. O Brasil tem fator de capacidade de geração surpreendente”, avaliou Milton Pinto. De acordo com o especialista, não há nenhuma outra unidade federativa com um percentual tão alto quanto o do Rio Grande do Norte.
O histórico dos leilões
Acompanhe abaixo o desempenho do Rio Grande do Norte nos leilões de geração de energia eólica desde 2009, ano do primeiro certame. Compare a redução dos empreendimentos contratados entre os anos de 2010 e 2014.
Ano 2009
Leilão A -5
134 projetos inscritos
105 projetos habilitados / 3.629 MW de energia
23 projetos contratados / 657 MW de energia
Ano 2010
Leilão A –5
133 projetos inscritos
225 projetos habilitados / 6.577 MW de energia
9 projetos contratados através do Leilão de Energias Renováveis (LER) – 247 MW de energia
30 projetos contratados através do Leilão de Fontes Alternativas (LFA) – 817 MW de energia
Ano 2011
Leilão A-5
116 projetos inscritos
75 projetos habilitados / 1.989 MW de energia
2 projetos contratados através do Leilão de Energias Novas (LEN) – 52 MW de energia
15 projetos contratados através do Leilão de Energias Renováveis (LER) – 405,4 MW
Ano 2011
Leilão A-5
70 projetos inscritos
53 projetos habilitados / 1.390 MW de energia
12 projetos contratados / 321,8 MW de energia
Ano 2012
Leilão A-5
94 projetos inscritos / 2.318 MW de energia
94 projetos habilitados
0 projetos contratados
Ano 2013
Leilão A-5
113 projetos inscritos
41 projetos habilitados / 980 MW de energia
7 projetos contratados / 132 MW
Ano 2013
Leilão A-5
119 projetos inscritos / 1.686 MW de energia
71 projetos habilitados
0 projetos contratados
Ano 2013
Leilão A-5
125 projetos inscritos
100 projetos habilitados / 2.491 MW de energia
25 projetos contratados / 684,7 MW
Ano 2014
Leilão A-3
62 projetos inscritos
23 projetos habilitados / 606 MW de energia
3 projetos contratados / 84 MW
Ano 2014
Leilão A-5
139 projetos inscritos
99 projetos habilitados / 2.307 MW de energia
7 projetos contratados / 164 MW
Fontes: Cerne/Aneel
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