São Paulo (AE) - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao comentar a tentativa da oposição de criar uma CPI para investigar a Petrobras disse que os adversários tentam tirar proveito eleitoral. “O que a gente não pode é ficar vendo, em cada eleição, por falta de assunto, a oposição que nunca quis CPI, agora fique querendo tirar proveito em seis meses de campanha”, afirmou ele em entrevista a blogueiros, ontem em São Paulo. O ex-presidente sugeriu que a oposição deveria fazer um programa de governo para disputar as eleições com o PT.
Rebatendo críticas ao crescimento econômico do País, o ex-presidente ficou visivelmente irritado e deu um soco na mesa. “Eu era presidente de um sindicato quando a inflação estava em 80% ao mês e, hoje, vejo (ex-)ministro falando em estabilidade, em controlar a inflação”, disse em referência à fala de um ex-ministro da economia, sem citar nomes.
Rebatendo as críticas, o petista ressaltou que há 11 anos de governo, o PT mantém a inflação dentro da meta ao mesmo tempo que gera empregos e aumenta a massa salarial. Lula voltou a defender uma postura mais firme da esquerda em relação aos adversários políticos. “A elite nunca foi condescendente com a esquerda e a esquerda sempre foi condescendente com a direita”. Segundo ele, às vezes a esquerda política brasileira é “ingênua e não faz a disputa política”.
Lula avaliou com naturalidade o fato de as ações da Petrobras terem caído de forma expressiva ao longo do último ano. “Bolsa é assim mesmo”, disse. Segundo ele, a estatal não pode ser medida apenas pelo seu desempenho na Bovespa. “Tem que ser medida pelo conhecimento tecnológico e pela quantidade de petróleo que tem lá no pré-sal”, afirmou. “O Brasil precisa ter a dimensão do patrimônio da Petrobras e do significado que ela tem.”
Disse ainda que a principal reforma que o Brasil precisa fazer é a política. “Sem essa, todas as outras serão mais difíceis”, revelou em entrevista a blogueiros. Lula disse, no entanto, estar convencido de que “este Congresso” não a fará. “É muito difícil que a pessoa mude seu status quo. A pessoa foi eleita assim, está acostumada.”
Lula também disse que, hoje, é totalmente favorável a uma Constituinte exclusiva para fazer a reforma política. “Acho que não tem outro jeito”, opinou. E defendeu o financiamento público de campanha como sendo o modo mais barato e honesto de angariar recursos para os partidos.
Ele garantiu que não será candidato à Presidência da República em outubro e chamou de "boataria" as notícias sobre sua volta. Lula disse que, se pudesse, registraria sua promessa em cartório. "Não sou candidato, minha candidata é a Dilma Rousseff. Se vocês (blogueiros) puderem contribuir para acabar com essa boataria, vocês estarão contribuindo com a democracia no Brasil", afirmou o ex-presidente. Lula elogiou ainda sua sucessora e disse que ela é "a melhor pessoa para ganhar essas eleições". "Dilma tem a competência e a capacidade que o Brasil precisa pra fazer o País avançar", afirmou o ex-presidente.
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