Rafael é de origem humilde. Filho de um pedreiro e de uma dona de casa, ele estudou toda a vida na rede pública de ensino, em Mossoró, e chegou a trabalhar em uma oficina de portões. Incentivado pelo irmão, que havia feito um curso pelo Senai e também foi premiado em olimpíadas de conhecimento, o estudante ingressou no curso de técnico de Mecânica Industrial em 2010.
Vencendo a etapa estadual das olimpíadas de conhecimento, anos depois, o jovem garantiu ingresso para a competição nacional, onde também ganhou a medalha de ouro. No ano passado, ele pulou a etapa continental e foi 2º colocado do WorldSkills International, na Alemanha.
Apesar disso, Rafael conta que não esperava uma premiação tão grande como o troféu Albert Vidal – entregue ao dono da maior nota entre todas as categorias - no evento das Americas. “Foi uma surpresa muito grande, quando me chamaram no palco para receber o ‘Best of Nation’ [melhor da nação]. Entre todos do Brasil, eu havia sido o melhor. Quando estava descendo do palco, mandaram voltar para receber o ‘The Best of the Bests’ [O melhor dos melhores]. Foi uma surpresa maior ainda”, afirmou à reportagem, após o desembarque no aeroporto Augusto Severo, em Parnamirim. Ainda no saguão do terminal, uma ligação para a família, orgulhosa, que não pôde viajar para Natal. O irmão Max, que é treinador dele, seguiu direto para o sudeste para dar palestras e treinamentos.
Após o fim do curso, Rafael foi contratado pelo Senai para ser instrutor. O trabalho foi interrompido durante a preparação para a competição, mas o retorno já é certo. Como prêmio pela vitória, ele terá pago o curso superior que escolher. A opção, por enquanto, é a área de Engenharia Civil. “Agora é descansar um pouco e depois seguir minha vida”, pontuou. A idéia é também incentivar o irmão mais novo, de 15 anos, para que siga os passos dos irmãos.
Também natural de Mossoró, a cabeleireira Juliana Almeida Bezerra, 20 anos, foi a outra representante potiguar no WorldSkills Américas. Moradora do assentamento Maisa, em Mossoró, filha de pai motorista e mãe agricultora, ela ingressou no curso técnico do Senac através do projeto de gratuidade. “Eu já trabalhava com cabelos, pesquisava por conta própria, mas sempre soube que tinha que me profissionalizar”, lembra. Como sugestão para quem quer seguir os mesmos passos, atesta: “Nada é conseguido facilmente. Mas o primeiro passo é querer”.
Foram dois anos de treinamento para a competição. Agora, a idéia é reabrir o salão de beleza dela, fechado desde o início da preparação. “Ela sempre disse para mim que o salão podia esperar porque ia valer à pena”, revela a mãe Rosângela Brito de Almeida. Juliana ainda quer mais. Em 2015, ela deverá participar da etapa mundial da olimpíada de conhecimento, que ocorre em São Paulo.
Tribuna do Norte
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