sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Dívidas da Sesap com o município provoca crise no atendimento

saúde pública na capital do Estado vive mais um momento de crise. A secretaria Municipal de Saúde (SMS) vai acionar a Justiça para pedir o bloqueio de R$ 40 milhões das contas do Governo do Estado. O montante é referente à dívidas que se acumulam desde 2008. Além disso, profissionais ligados à Cooperativa Médica do Rio Grande do Norte (Coopmed-RN) suspenderam as cirurgias eletivas e outros procedimentos. Com os médicos, a dívida da secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) é de R$ 3,2 milhões. 

Esses não são os únicos fatores que preocupam gestores públicos e população que necessita de atendimento. Uma decisão judicial proíbe que existam, entre os contratados das cooperativas médicas, profissionais com vínculo estatutário no Município ou no Estado. A decisão foi proferida pelo juiz Airton Pinheiro e passa a valer a partir do dia 1º de setembro. A cooperativa já avisou que, sem os médicos estatutários, não têm como compor as escalas de funcionamento. Ainda contribui para a crise, o fato de os médicos do Município estarem em greve há mais de dois meses. 

O cenário atual e as perspectivas negativas para umfuturo próximo são suficientes para o titular da SMS, Cipriano Maia, declarar que está preocupado. “É uma crise sem precedentes. A situação é de colapso com risco de mortes porque os serviços de urgência e emergência podem ser suspensos”, disse, ontem, durante entrevista coletiva, na sede da secretaria.

Desde a última segunda-feira, dia 4, cirurgias eletivas, algumas consultas e outros procedimentos estão suspensos. A suspensão ocorre devido à uma dívida de R$ 3,2 milhões que a Sesap tem com a Coopmed-RN. Os repasses não são efetuados há cinco meses. Sem médicos estatutários suficientes, Município e Estado reduzem o atendimento à população. Especialidades como oncologia e ortopedia são as mais afetadas.

Apenas nas três unidades da Liga Norte-rio-grandense Contra o Câncer, em Natal, aproximadamente 650 procedimentos vão deixar de ser efetuados até amanhã, dia 9. “Só estamos atendendo realmente os casos graves, de urgência. Essa é uma recomendação da própria Coopmed-RN. Os médicos se comprometeram em atender os casos mais críticos”, explicou o diretor da Policlínica da Liga, Ivo Barreto.

No serviço de atendimento ortopédico, a crise começa a mudar o cenário no maior hospital do Estado, o Walfredo Gurgel. Até pouco tempo, a administração da unidade orgulhava-se de ter conseguido zerar a fila de espera por uma cirurgia ortopédica. Ontem, dia 7, pelo menos 36 pacientes aguardavam a autorização para o procedimento. Contudo, não há pacientes acomodados no corredor do setor de politraumatismo.

É o caso do desempregado Josivan Mulato, 28 anos. Ele está internado há dez dias e não sabe quando será removido. “Estou aguardando uma decisão. Não sei quando será essa cirurgia. Não disseram nada”, contou. A cozinheira Lucilene da Silva, 45 anos, também sentiu na pele a deficiência no atendimento público. Na madrugada de ontem, ela fraturou o pé. Mais de quinze após o acidente, ainda não havia recebido o atendimento adequado. “Fui no posto de saúde, me mandaram para o Walfredo. Depois, mandaram eu ir para o Hospital Memorial. De lá, me mandaram de volta para cá. É uma situação muito difícil”, disse ela.

Greve dos médicos
A greve dos médicos do município deve ser encerrada nos próximos dias. Essa é a expectativa do titular da SMS, Cipriano Maia. De acordo com o secretário, o movimento não está gerando impacto no atendimento à população e as negociações com o sindicato da categoria estão avançadas. “Tivemos uma discussão, na Câmara dos Vereadores, sobre o Plano de Cargos e Salários. Além disso, implantamos alguns benefícios”, disse. Apesar da avaliação positiva por parte do secretário, os médicos que estão em greve há mais de dois meses realizaram uma manifestação, na frente da Prefeitura, na tarde de ontem. Os médicos pedem melhorias salariais e de condições de trabalho.


Tribuna do Norte

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