Depois: cratera que se formou tem quase 10 mil m², o equivalente a um campo de futebol |
De acordo com moradores da rua Guanabara – via mais afetada – e da rua Atalaia, as autoridades foram avisadas e poderiam ter feito algo para evitar o acidente. Segundo a comerciante Ana Maria Alves, há cerca de oito dias um buraco na rua Guanabara jorrava água que descia pela escadaria que desabou. Ela morava em frente ao local e disse ter acionado a Prefeitura para reparar o problema.
A moradora afirmou que alguns servidores da secretaria Municipal de Obras Públicas e Infraestrutura (Semopi) visitaram o local na última quinta-feira, dia 12, e foi feito um serviço provisório. Porém, na noite do mesmo dia, com as chuvas que caíram, o reparo se mostrou insuficiente.
O professor de Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Ermínio Fernandes, explicou que a área destruída possui características parecidas com o terreno da Zona de Proteção Ambiental localizada naquela região, a ZPA 10. Ermínio foi um dos profissionais que elaborou um estudo sobre as ZPAs da cidade solicitado pelo Ministério Público do Estado (MPRN). “Aquela é uma área de dunas e é sensível com risco de rápida erosão por causa da declividade”, disse ele.
O professor acrescentou ainda que em terrenos com essas especificidades, é possível que haja construções. “Há legislação que proíbe construções em dunas, no entanto, com muitos estudos específicos, é possível a ocupação”, pontuou.
O geólogo Ricardo Amaral – integrante do trio de professores da UFRN designado pela Prefeitura do Natal para elaborar um diagnóstico do desastre – explicou que o documento ainda está em processo de elaboração e deve ser apresentado hoje, dia 17. “Tudo aconteceu muito rápido. Desde domingo estamos trabalhando nesse processo”, contou Ricardo Amaral.
Por telefone, o professor adiantou algumas conclusões a respeito do que ocorreu em Mãe Luiza. Segundo o especialista, o elemento mais importante no contexto foi a quantidade de chuvas que caiu em Natal entre sexta e sábado. De acordo com a Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn), foram mais de 300 milímetros. “Mas não é apenas isso. É verdade que a quantidade de água em apenas dois dias foi muito elevada, porém, é preciso levar em conta a ocupação irregular do terreno e outros elementos como problemas de drenagem e até mesmo o lixo acumulado nos bueiros”, disse ele.
Tribuna do Norte
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